Cinco dias após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o fim
de bandeira de escassez hídrica na conta de luz e a entrada em vigor da
bandeira verde a partir de 16 de abril, o Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS) informou que ela deve vir pra ficar. Novas mudanças não são esperadas até
o fim do ano. Isso significa que provavelmente as tarifas não voltarão a sofrer
acréscimos em 2022.
“Essa é a expectativa”, disse Luiz Carlos Ciocchi,
diretor-geral do ONS. A entidade é responsável por coordenar e controlar as
operações de geração e transmissão de energia elétrica do Sistema Interligado
Nacional (SIN).
O sistema de bandeiras tarifárias é o que define o real
custo da energia. Quando as condições de geração de energia não são favoráveis,
é preciso acionar as usinas termelétricas, elevando os custos. Assim, cobranças
adicionais têm por objetivo cobrir a diferença e também funcionam para frear o
consumo.
Quando vigora a bandeira verde, não há acréscimos na conta
de luz. Já na bandeira amarela, o consumidor paga um adicional de R$ 0,01874
para cada quilowatt-hora (kWh). A bandeira vermelha é dividida: no patamar 1, o
acréscimo é de R$ 0,03971 e no patamar 2 é de R$ 0,09492.
No ano passado, foi criada a bandeira de escassez hídrica,
que fixa um acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. Ela estava vigente
há sete meses, desde setembro. Segundo o governo federal, a medida era
necessária para compensar os custos da geração de energia, que ficaram mais
caros em consequência do período seco em 2021, apontado como o pior em 91 anos.
Ciocchi afirmou que, com o volume de chuvas registrado
desde o fim do ano passado, a atual situação dos reservatórios das usinas
hidrelétricas permitirá ao país atravessar o restante do ano de forma mais
tranquila e segura do que em 2021.
“Sudeste e Centro-Oeste terminam o período de chuvas no
melhor nível desde 2012”, observou.
Segundo o diretor-geral da ONS, a geração térmica deverá se
limitar às usinas inflexíveis, que são aquelas que não podem parar e que
possuem uma capacidade em torno de 4 mil MW (megawatts). Nos piores momentos da
crise hídrica de 2021, as térmicas respondiam por mais de 20 mil MW.
Atualmente, as hidrelétricas são responsáveis por cerca de
65% da geração de energia no país. A matriz brasileira vem sendo modificada nos
últimos anos com o crescimento de novas fontes renováveis, como eólica, que já
representa aproximadamente 9% do total.
Apesar da recuperação das usinas hidrelétricas, Ciocchi
considera ter sido acertada a decisão do governo de contratar térmicas
emergenciais no ano passado. Elas deverão garantir, até dezembro de 2025, a
reserva de energia que era considerada necessária para uma recuperação de longo
prazo.
“Na hora que tomamos a decisão, existia uma incerteza
muito grande. Tínhamos duas escolhas: o arrependimento de contratar e o
arrependimento de não contratar”, pontuou.
Fonte: Agência Brasil
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