A 1ª Promotoria de Justiça de Macau ofereceu 44 denúncias
e 54 ações por ato de improbidade administrativa contra grupo de funcionários
públicos e empresários liderados pelo ex-prefeito de Macau, Flávio Vieira
Veras, requerendo a devolução aos cofres públicos de mais de R$ 10 milhões.
Entre as ações, destacam-se fraudes relativas a contratações de bandas e de
trios elétricos para realização de festas na cidade. Exemplo disso foi a
contratação de quatro trios elétricos para o carnaval de 2012, que custaram aos
cofres públicos o valor de R$ 946 mil, quando, na verdade, os donos dos trios
só receberam R$ 165 mil. A diferença, mais de R$ 780 mil, foi depositada nas
contas bancárias de José Romildo da Cunha (pessoa de confiança de Flávio Vieira
Veras), João Leonilson Viana Pinheiro, (representante da banda Zumzumbaba),
Luciana Alves da Silva (esposa do ex-prefeito Kerginaldo Pinto), Denise Maria
Araújo de Souza (tia do cantor Serginho Lisboa) e Micheline da Silva Marques
(esposa de José Romildo da Cunha), todos tendo ligações com o ex-prefeito. Na
gestão de Flávio Veras, o Ministério Público constatou, ainda, o desvio de
dinheiro público em diversas obras realizadas pela Prefeitura. Entre elas, está
a obra de pavimentação das avenidas Santanense e Manoel Casado. No período de
dois anos, essas avenidas foram asfaltadas três vezes pela Construtora Luiz
Costa, uma obra que custou R$ 6 milhões. Além disso, foi feita a pavimentação
do Beco do Siri que, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN), não teve
nenhuma utilidade pública, porque na rua não trafegam carros. Outra despesa
questionada foi o pagamento à empresa MAC, com recursos da Prefeitura de Macau,
de uma rede elétrica com seis postes de alta-tensão na Praça de Eventos, mas
que nunca foram instalados. Em inspeção realizada pelo TCE/RN, foi constatado,
ainda, superfaturamento das obras do Enrocamento da Praia de Camapum e do
Matadouro Público. Para o TCE, a despesa, além de superfaturada, foi um
desperdício de dinheiro público, pela falta de utilidade pública do prédio. Na
ocasião dos ajuizamentos dessas ações judiciais, o Ministério Público do Rio Grande
do Norte finalizou a Operação Maresia, ajuizando a Ação de Responsabilização
por Ato de Improbidade Administrativa contra a empresa TCL, que realizava
limpeza pública na cidade, e contra a empresa de Johnny Mac Donald Lucas, MAC
Construções. Aprofundando as investigações, foi constatado enriquecimento de
mais de R$ 6 milhões das empresas Comercial Vieira Veras (FlavionEletromóveis),
da Comercial M E (Atacadão Vieira), da M S Marques ME (Pousada Pontal dos
Anjos), da J R da Cunha (J R Produções Artísticas), da Montadora Distribuidora
Importadora e Exportadora de Motos Vieira Ltda – EPP (Vieira Motos) e da
Marinho Comércio de Derivados de Petróleo Ltda (Posto Salinas). Todas elas
pertencentes a parentes e amigos do ex-gestor Flávio Vieira Veras. Até a mãe do
ex-prefeito, a senhora Djacira Vieira Veras, teve seu patrimônio aumentado. Ela
é sócia-administradora da Flávio Eletromóveis e do Atacadão Vieira. Além dela,
também demonstraram aumento patrimonial Manoel Vieira Neto, irmão do
ex-prefeito Flávio Veras e sócio-administrador do Atacadão Vieira e da Vieira
Motos; Josicleide Fernandes Fonseca Costa, pessoa de confiança do ex-prefeito,
sócia-administradora da Atacadão Vieira; Raimundo Nonato Tavares Júnior,
funcionário da Atacadão Vieira e sócio-administrador da Vieira Motos; Jemima
Marinho Vieira Diniz Aladim, prima do ex-prefeito Flávio Veras, e casada com o
vice-prefeito de Macau, Rodrigo Antônio Medeiros Aladim de Araújo, ambos donos
do Posto Salinas. A Promotoria de Justiça de Macau ajuizou também ação de
improbidade administrativa contra Micheline Silva Marques e José Romildo da
Cunha (seu marido, amigo do ex-prefeito), proprietários da Pousada Pontal dos
Anjos por serem supostos laranjas em esquemas de corrupção. Por fim,
destacam-se também investigações que apontaram desvio de dinheiro público na
reforma da Escola Municipal Padre João Penha Filho, devido ao superfaturamento
e a pagamentos à empresa de Johnny Mac Donald Lucas, MAC Construções, sem que
os serviços tenham sido realizados. O Ministério Público constatou que os
gestores de Macau à época realizaram dois aditivos contratuais que provocaram
um aumento de 100% do valor da obra, sendo ela orçada em R$ 2.023.997,00,
quando o então prefeito Kerginaldo Pinto do Nascimento pagou o valor
exorbitante de R$ 3.001.182,00. Para a 1ª Promotoria de Justiça de Macau, com base nas
ações citadas e em diversos outros procedimentos investigatórios que ainda
tramitam, durante 12 anos em que a organização criminosa esteve à frente da
gestão pública, a Prefeitura de Macau sofreu constante desvio de dinheiro
público, que refletem atualmente no sucateamento dos serviços públicos de
saúde, de educação e no atraso dos salários do funcionalismo público, restando
à população macauense os efeitos desses desvios. A fonte da notícia é o site oficial do Ministério Público do Rio Grande do Norte. Os citados nesta matéria
têm espaço para se pronunciar caso tenham interesse.
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