Pesquisadores holandeses relataram ter identificado um
anticorpo que impede o vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, de infectar
células. A descoberta é o primeiro passo para o desenvolvimento de um potencial
tratamento de cura e prevenção do novo Coronavírus. A pesquisa foi publicada
nesta segunda-feira, dia de maio na revista científica Nature Communications. O
estudo é encabeçado por pesquisadores da Universidade de Utrecht, do Erasmus
Medical Center e do Harbor BioMed. Segundo eles, o anticorpo descoberto pode
neutralizar a infecção em culturas celulares.
“Esse anticorpo
neutralizante tem potencial para alterar o curso da infecção no hospedeiro
infectado, apoiar a eliminação do vírus ou proteger um indivíduo não infectado
que é exposto ao vírus”, afirmou Berend-Jan Bosch, líder da pesquisa, em
comunicado.
Bosch explica na publicação que observou que o anticorpo
se liga a um domínio que é conservado no SARS-CoV e no SARS-CoV-2, explicando
sua capacidade de neutralizar os dois vírus.
“Esse recurso de
neutralização cruzada do anticorpo é muito interessante e sugere que ele pode
ter potencial na mitigação de doenças causadas por Coronavírus relacionados que
possam surgir futuramente”, esclareceu.
O coautor principal do estudo, o professor da Academia de
Biologia Celular do Erasmus Medical Center, Frank Grosveld, explicou que os
anticorpos terapêuticos convencionais são desenvolvidos primeiramente em outras
espécies e, em seguida, precisam ser submetidos a um trabalho adicional para ‘humanizá-los’.
No entanto, o anticorpo usado neste trabalho é totalmente humano. “Isso permite que o desenvolvimento prossiga
mais rapidamente e reduz o potencial de efeitos colaterais relacionados ao
sistema imunológico”.
A equipe que fez o estudo ressalta que ainda é necessário
muito trabalho para saber se esse anticorpo é capaz de proteger os seres
humanos do novo Coronavírus, mas não esconde a empolgação com a descoberta.
“Esta é uma
pesquisa inovadora”, disse Jingsong Wang, fundador, presidente e CEO da
HBM.
“É necessário muito
mais trabalho para avaliar se esse anticorpo pode proteger ou reduzir a
gravidade da doença em humanos. Esperamos avançar no desenvolvimento do
anticorpo com parceiros”.
Fonte: Correio Braziliense
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