O Instituto Butantan anunciou que começou a desenvolver a
produção-piloto da primeira vacina brasileira contra o novo Coronavírus. A
expectativa é que os ensaios clínicos de fases 1 e 2 em humanos comecem em
abril, o que ainda precisa de autorização da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). Chamada de ButanVac, essa seria uma vacina desenvolvida e
produzida integralmente no Butantan, sem necessidade de importação do Insumo
Farmacêutico Ativo (IFA). Segundo o governo, os resultados dos testes pré-clínicos
realizados com animais se mostraram “promissores”, o que permitiria
evoluir para estudos clínicos em humanos.
A produção-piloto do composto já foi finalizada para
aplicação em voluntários humanos durante os testes. Os resultados da pesquisa
clínica em humanos vão determinar se a vacina é segura e tem resposta imune
capaz de prevenir a Covid-19.
“Este é um anúncio histórico para o Brasil e para o
mundo. A ButanVac é a primeira vacina 100% nacional, integralmente desenvolvida
e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, que é um orgulho do Brasil. São
120 anos de existência, o maior produtor de vacinas do Hemisfério Sul, do
Brasil e da América Latina e agora se colocando internacionalmente como um
produtor de vacina contra a Covid-19”, disse o governador de São Paulo,
João Doria.
Para a produção da vacina, o instituto deverá usar
tecnologia já disponível em sua fábrica de vacinas contra a gripe, a partir do
cultivo de cepas em ovos de galinha, que gera doses de vacinas inativadas,
feitas com fragmentos de vírus mortos.
A iniciativa do novo imunizante faz parte de um consórcio
internacional do qual o Instituto Butantan é o principal produtor, responsável
por 85% da capacidade total, de acordo com o governo do estado, e tem o
compromisso de fornecer a vacina ao Brasil e aos países de baixa e média renda.
Diretor-presidente do Butantan, Dimas Covas, avaliou que a
tecnologia utilizada na ButanVac é uma forma de aproveitar o conhecimento
adquirido no desenvolvimento da CoronaVac, vacina desenvolvida em parceria com
a biofarmacêutica Sinovac, já disponível para a população brasileira.
“Entendemos a necessidade de ampliar a capacidade de
produção de vacinas contra o coronavírus e da urgência do Brasil e de outros
países em desenvolvimento de receberem o produto de uma instituição com a
credibilidade do Butantan. Em razão do panorama global, abrimos o leque de
opções para oferecer aos governos mais uma forma de contribuir no controle da
pandemia no país e no mundo”, disse Covas. Segundo ele, a parceria com a
Sinovac será mantida e não haverá nenhuma alteração no cronograma dos insumos
vindos da China.
A previsão do diretor-presidente do Butantan é que será
possível entregar a vacina brasileira ainda este ano.
“Após o final da produção da vacina contra Influenza, em
maio, poderemos iniciar imediatamente a produção da Butanvac. Atualmente, nossa
fábrica envasa a Influenza e a CoronaVac. Estamos em pleno vapor”, disse.
Tecnologia
A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém
a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor nesta
vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por isso, o
vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, o que permite eficiência produtiva
em um processo similar ao utilizado na vacina de influenza, conforme divulgou o
Butantan e o governo estadual.
“O vírus da doença de Newcastle não causa sintomas em
seres humanos, constituindo-se como alternativa muito segura na produção. O
vírus é inativado para a formulação da vacina, facilitando sua estabilidade e
deixando o imunizante ainda mais seguro”, diz Butantan.
Fonte: Agência Brasil
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