Vídeos em que adolescentes aparecem brincando de derrubar
uns aos outros no chão dentro de escolas começaram a circular novamente nas
redes sociais e a preocupar pais e mães neste início de ano letivo.
Especialistas disseram que essas brincadeiras podem causar acidentes e levar à
morte. Em um desses registros, duas adolescentes aparecem dando uma rasteira em
uma terceira. Em outros vídeos, a brincadeira é a chamada “roleta humana”,
envolve três pessoas – uma delas é girada para trás pelos outros colegas. Em
novembro do ano passado, uma adolescente de 16 anos morreu em Mossoró, depois
de bater a cabeça enquanto participava da brincadeira. Em um dos vídeos, o da
rasteira, as três alunas que aparecem são do Colégio Marista de Natal. Segundo
a vice-diretora educacional da instituição, Ilce Mara da Silva, a escola tomou
conhecimento do fato e adotou nesta terça-feira (11) “medidas preventivas”.
“Dialogamos,
conversamos, explicamos os riscos, junto com a família delas. São ótimas
alunas, mas que agiram na impulsividade. Além desse episódio em específico,
também adotamos medidas preventivas educativas durante todo o ano”, afirma.
O professor Jorge Rominelli, que é coordenador de uma
escola em Natal, diz que, dentro do programa pedagógico, também procura discutir
esses temas com os estudantes. Ele conta que essas brincadeiras, que considera
perigosas, já foram alvo desses debates.
“Procuramos
observar o que está circulando entre eles na internet, e também como estão se
relacionando dentro da escola. Orientamos que eles precisam tratar uns aos
outros com gentileza, que esse tipo de brincadeira é agressão e não é coisa boa”,
argumenta. A psicóloga Sheila Salustino, que atua no Colégio Nossa Senhora das
Neves, defende que o melhor caminho é a orientação. Segundo ela, na escola em
que trabalha, ao longo do ano, o tema do autocuidado é abordado nas diferentes
atividades. No entanto, segundo ela, quando as brincadeiras são mais violentas,
os alunos recebem orientações direcionadas, com abordagem das consequências e
riscos de acidentes.
“Nós tomamos
conhecimento desses vídeos que voltaram a circular e ainda nesta semana vamos
nos organizar para conversar com os estudantes”, disse a psicóloga.
Ainda de acordo com ela, as ocorrências, em geral,
envolvem os alunos do final do ensino fundamental, com idades entre 13 e 14
anos de idade.
“A cada ano surge
uma nova brincadeira dessas. É muito de modismo, da novidade que eles vão lá
repetir. Mas nós procuramos alertar dos riscos”.
Neurocirurgião fala sobre risco de lesões
O neurocirurgião Márcio Ramalho, alerta para os riscos à
saúde representados por essas brincadeiras. De acordo com o médico, uma pancada
mais forte na cabeça pode resultar em traumatismo craniano, com hematomas
cerebrais. Além disso, uma queda nessas circunstâncias pode ocasionar lesões na
coluna cervical. “Deixando, inclusive, a
pessoa que se acidentou tetraplégica. É importante lembrar também que os dois
tipos de dano podem também levar à morte. Não são boas práticas brincadeiras
desse tipo”, complementa.
Caso Emanuela
Em novembro do ano passado, a estudante Emanuela
Medeiros, de 16 anos, morreu depois de bater a cabeça no chão ao cair durante
uma brincadeira na Escola Municipal Antônio Fagundes, em Mossoró. A garota
sofreu traumatismo craniano e ainda foi socorrida pela direção da instituição e
levada ao hospital. Mas não resistiu. De acordo com a prima da vítima, a
estudante participava de uma brincadeira com outras duas pessoas que a
seguraram e tentaram girá-la, como uma espécie de cambalhota. Durante o giro,
ela caiu e bateu a cabeça no chão. Emanuela era aluna do nono ano. Segundo a
assessoria de imprensa da Prefeitura de Mossoró, a Secretaria de Educação
promoveu uma reunião ainda em 2019 para orientar professores e gestores sobre “brincadeiras inadequadas” e que colocam
em risco a vida dos alunos. Neste ano será realizado mais um encontro com os
diretores de escolas e unidades de educação, antes do início das aulas, em que
esse tema será discutido e reforçado. Nesta quarta (12), na abertura da jornada
pedagógica, ainda de acordo com a assessoria, o assunto também será pauta,
inclusive com vídeos alertando sobre os perigos.
Fonte: G1/RN
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