Ezequiel Mateus da Rocha, de 19 anos. Ele dividiu as dores de um tratamento contra um câncer com os estudos e agora mostra que é Ufersa / Foto Assecom Ufersa
Quem já fez ou pretende fazer o Exame Nacional do Ensino
Médio, o ENEM, sabe que é necessária toda uma preparação de estudos e
exercícios para se sair bem na avaliação. Mas já pensou em fazer essa
preparação tendo que dividir a rotina com ciclos de quimioterapia? E mais: já
imaginou se concentrar para responder dezenas de questões e produzir uma
redação com dores? O jovem Ezequiel Mateus da Rocha, de 19 anos, dividiu as
dores de um tratamento contra um câncer com os estudos. Desde que descobriu, em
2019, que estava com um osteossarcoma, um tipo de câncer, que ele vem travando
uma luta para obter a cura e, paralelo a isso, se preparar para o ENEM.
“Quando as minhas
defesas subiam, eu me concentrava nos estudos. Para você ter uma ideia, dentro
de um mês, eu só conseguia estudar uns seis dias”, comentou Ezequiel.
Entre uma dor e outra, Ezequiel conseguiu se preparar
para o Exame numa classe hospitalar da Liga Mossoroense de Estudos e Combate ao
Câncer com o auxílio da Associação de Apoio aos Portadores de Câncer de Mossoró
e Região. Durante todo esse processo, ele foi acompanhado pelas pedagogas
Hemaúse Emanuele da Silva e Juliana Torres, ambas cedidas pela Secretaria
Estadual de Educação para o Hospital.
Como aluno da classe hospitalar, Ezequiel conseguiu fazer
a prova no próprio hospital obedecendo aos horários e todas as demais regras
que norteiam a realização do ENEM.
“A prova dele veio
num malote, acompanhado de policiais. Ele teve horário para começar e terminar
a prova, assim como todos os outros candidatos”, comentou a pedagoga
Juliana.
Ezequiel fez a prova nos mesmos dias que os demais
estudantes. A diferença foi só a acomodação. Como sentia muitas dores, ele
revezava as questões com períodos de descanso. Segundo o próprio Ezequiel, no
segundo dia de prova do ENEM estava marcada uma cirurgia para amputar a perna
esquerda dele.
“Não podia fazer a
cirurgia no dia marcado porque tinha que fazer o ENEM e assim o médico decidiu
adiar a amputação em mais uma semana”, relatou.
Todo esse esforço de Ezequiel deu resultado. Na última
semana, o jovem, que é o sexto filho de uma família de sete irmãos e que é
natural do Sítio Trapiá, no município de Assú, conseguiu um feito inédito. Ele
foi o primeiro estudante de uma classe hospitalar do Rio Grande do Norte a
fazer o ENEM e também ser aprovado no SISU. Ezequiel vai ser aluno da Ufersa,
do curso de Ciência e Tecnologia, em Mossoró. A meta dele é realizar o sonho de
criança: se formar em Engenharia Civil.
“É muito
emocionante! Ezequiel fez história e acreditou. O que fizemos foi só embarcar e
garantir o sonho dele. Ele motivou e motiva todos nós”, comemorou a
pedagoga Hemaúse.
A história de Ezequiel com a Ufersa não é de agora. Em
2017, ele, junto com outros estudantes da Escola Estadual Juscelino Kubitschek
de Assú, participou da Feira de Ciências do Semiárido Potiguar na Universidade
em Mossoró. A equipe apresentou um projeto de carregador magnético e foi
destaque recebendo Prêmio de Inovação Tecnológica. Em 2018, Ezequiel fez o ENEM
e também foi aprovado para o curso de Ciência e Tecnologia do Campus Angicos,
mas não pôde cursar.
“Não tive como me
matricular no curso porque descobri a doença e tive que iniciar o tratamento”,
relatou.
Atualmente, Ezequiel, (flamenguista apaixonado –
inclusive fez a prova do ENEM com a camisa do clube) encontra-se numa fase de
manutenção após um período de aplicações de quimioterapia. Os próximos seis
meses serão fundamentais para o jovem. Ele agora segue o tratamento com
medicamentos orais em busca da cura definitiva. Quanto ao curso da Ufersa, ele
deve fazer a matrícula e deve ser acompanhado pela Coordenação de Ações
Afirmativas, Diversidade e Inclusão Social, a Caadis. Como o tratamento ainda
não foi concluído, a expectativa é que Ezequiel comece a frequentar as aulas no
segundo semestre.
Fonte: Ufersa
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