O Ministério da Saúde deu início ao desenvolvimento de um
programa nacional de vacinação contra a covid-19 no Brasil. Com os recentes
avanços do estudo clínico com a potencial vacina da Universidade de Oxford, que
está na fase três de testes em seres humanos —inclusive com ensaios no País—, a
pasta já conversa com gestores de estados e municípios na articulação por uma “grande
campanha”.
Eduardo Macario, diretor do Departamento de Análise em
Saúde e Vigilância de Doenças, afirmou, nesta quarta-feira (29), que o SUS
(Sistema Único de Saúde) está se preparando, seja do ponto de vista tecnológico
quanto do aperfeiçoamento do sistema existente, para viabilizar uma ação
conjunta em nível nacional.
“Uma campanha que vai dar, sim, essa solução para o
enfrentamento à covid-19. Principalmente, protegendo toda a população
brasileira”, disse o diretor durante entrevista coletiva, em Brasília.
Em junho, o governo anunciou um acordo para produzir no
Brasil a vacina desenvolvida por Oxford em parceria com a biofarmacêutica
AstraZeneca. O potencial imunizante, que está na terceira fase de testes
clínicos, é considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) o “mais
avançado” até o momento.
“Nós estamos atentos as vacinas que estão em
desenvolvimento no mundo. E pelo óbvio, parece que a vacina de Oxford, a
chamada vacina de Oxford, se mostra uma das vacinas mais promissoras. Esse
ministério, de maneira célere, entrou numa encomenda tecnológica para comprarmos
o quantitativo extremamente importante de vacina”, disse Arnaldo Medeiros,
secretário de Vigilância em Saúde.
O acordo tem duas etapas. Começa com uma encomenda em que o
Brasil assume também os riscos da pesquisa. Ou seja, será paga pela tecnologia
mesmo não tendo os resultados dos ensaios clínicos finais. Em uma segunda fase,
caso a vacina se mostre eficaz e segura, será ampliada a compra.
Nessa fase inicial, de risco assumido, serão 30,4 milhões
de doses da vacina, no valor total de U$ 127 milhões, incluídos os custos de
transferência da tecnologia e do processo produtivo da Fiocruz, estimados em U$
30 milhões. Os dois lotes a serem disponibilizados à Fiocruz, de 15,2 milhões
de doses cada, deverão ser entregues em dezembro de 2020 e janeiro de 2021.
Questionado sobre a capacidade de distribuição da rede
pública, o secretário de Vigilância em Saúde ressaltou que o SUS, até mesmo por
conta do histórico de campanhas de imunização, está preparado para aplicar uma
possível vacina até mesmo nos “lugares mais remotos” do Brasil.
“Nós estamos falando de Brasil, de SUS, que nós temos
capacidade e capilaridade já estabelecidas pelos inúmeros programas de
vacinação que esse país já desenvolveu, apresentou e realizou. Hoje mesmo
tivemos reuniões de planejamento em nossa secretaria para que, chegando a
vacina, a gente possa distribuir aos lugares mais remotos dentro da estratégia
de vacinação que está sendo montada no nosso país”, completou Medeiros.
Fonte: R7