Arquivo ilustrativo
Em razão das chuvas que banham o Nordeste nos últimos
meses, os grandes reservatórios do Rio Grande do Norte se encontram na melhor
situação desde 2016. No entanto, nenhuma das 47 unidades monitoradas pelo
Governo do Estado, entre açudes e barragens, têm plano de ação para situações
de emergência, o PAE. O plano de emergência traz as orientações para situações
graves, como os sistemas de alerta e indicações de áreas de escape, algo que
serve para a proteção da população que reside no entorno destas unidades
hídricas. O documento é uma exigência da Lei federal 12.334, de setembro de
2010, que estabeleceu a Política Nacional de Segurança de Barragens. Sem o
documento, o poder público não pode delimitar, por exemplo, qual a
classificação de risco dos reservatórios potiguares. Segundo a Secretaria
Estadual de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos (Semarh), a falta do plano de
segurança é justificada em razão de as unidades hídricas potiguares terem suas
obras realizadas anteriormente à promulgação da lei de segurança de barragem,
em 2010. O plano de ação também implica em medidas para a manutenção dos
reservatórios. Em 2018, por sinal, a Agência Nacional de Águas (ANA) alertou
que a barragem Passagem das Traíras, no município de Jardim do Seridó,
apresenta desagregação do concreto e descontinuidade de parte do maciço
rochoso. A unidade tem capacidade para receber 49 milhões de metros cúbicos,
mas está hoje com 0,72% do volume total.
Ainda de acordo com a Semarh, a barragem Passagem das
Traíras será a primeira a receber o plano de ação de emergência. No início do
ano, houve a assinatura do contrato para estudar o projeto de recuperação do
reservatório, que no termo de referência traz a necessidade de elaborar o plano
de segurança da barragem (PSB) e o plano de ação emergencial (PAE). Essa mesma
iniciativa foi tomada em relação à Barragem de Oiticica, que está em execução.
A falta do PAE, em razão das chuvas que caem sobre o Rio
Grande do Norte, algo que é demonstrado pelo aumento do volume dos grandes
reservatórios, gera ainda maior preocupação. Somente esta semana duas unidades
já “sangraram”, ou seja, ultrapassaram o nível máximo. O primeiro a alcançar o
volume máximo foi o açude Pataxó, em Ipanguaçu, que superou a marca de 15
milhões de metros cúbicos no último sábado, 23.
A segunda unidade a “sangrar” foi o açude Beldroega, na
cidade de Paraú, que superou a marca de 8 milhões de metros cúbicos também no
último fim de semana. Além destes dois, o açude Dinamarca, em Serra Negra,
também alcançou o volume máximo, que é de cerca de 5 milhões de metros cúbicos.
“Ainda não é a
melhor situação desde o início da estiagem. Se pegarmos um comparativo com os
anos anteriores, até pelo resultado do inverno do ano passado, iniciamos o ano
já com um volume nos reservatórios superior a 2016, 2017 e 2018, esperamos que
tendo um inverno dentro da normalidade as reservas hídricas estaduais possam
ficar entre os 31% do ano passado até os 50%”, apontou Caramuru Paiva,
diretor do Instituto de Gestão de Águas do Rio Grande do Norte.
Com relação a classificação de riscos de açudes e
barragens no Estado, Semarh e o Igarn estão iniciando uma série de visitas às
barragens para realizar inspeções técnicas, levando em conta os diversos
fatores associados.
Açudes que “sangraram” no Rio Grande do Norte
Pataxó
Local: Ipanguaçu
Capacidade: 15.017.379m³
Beldroega
Local: Paraú
Capacidade: 8.057.520m³
Fonte: Agora RN
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