Apesar de fevereiro não ter correspondido às expectativas,
após um janeiro animador, o sertão do Rio Grande do Norte deverá ter um inverno
normal este ano, segundo prognóstico elaborado por meteorologistas que
participaram da Reunião de Análise Climática para o Semiárido do Nordeste
Brasileiro, divulgado nesta quarta-feira (23) em Natal. Devido à pandemia, a
reunião foi realizada de forma virtual, com a participação de representantes do
Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro de Previsão de Tempo e
Estudos Climáticos (CPTEC), vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais; Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos e de todos os
núcleos regionais do Nordeste.
Para elaborar a previsão foram utilizados parâmetros de
três modelos nacionais – Inmet, CPTEC e Funceme e de outros internacionais,
indicando uma condição favorável, que pode melhorar se as águas do Atlântico
Norte esfriarem meio grau ao longo dos próximos três meses.
“A tendência é de que tenhamos em março, abril e maio
uma condição de normalidade na distribuição das chuvas no Rio Grande do Norte,
principalmente da região Central em direção ao Leste, e alguma dificuldade na
região de Mossoró”, disse o meteorologista da Empresa de Pesquisa
Agropecuária (Emparn), Gilmar Bristot, na apresentação do prognóstico.
Por regiões, o volume médio de chuvas esperado para os
meses de março a maio é de 479,2 milímetros no Oeste, 376,9 na região Central,
343,2 no Agreste e 533,8 na Leste.
“Essas chuvas não vão encher, mas poderão amenizar a
situação dos reservatórios”, disse Bristot.
“Comparando 2022 com o ano anterior, temos o que
celebrar. Enquanto 2021 foi um ano de chuva bem abaixo do normal, 2022 começou
com um janeiro chuvoso e a previsão é de um bom inverno. Para tanto, o governo
fez seu dever de casa, entregando as sementes para que nossos agricultores e
agricultoras possam plantar e ter uma colheita de muita fartura”, comemorou
a governadora Fátima Bezerra.
Até agora, a Secretaria de Agricultura, da Pecuária e da
Pesca (Sape) distribuiu 707 toneladas de sementes. O IBGE prevê uma safra 40%
maior do que a colhida no ano passado.
A governadora destacou os investimentos feitos na
modernização da infraestrutura de monitoramento climático, que permite orientar
os produtores sobre o período mais propício para plantio, assim como a Defesa
Civil elaborar planos de contingência para atuar em caso de necessidade, como o
que será lançado nesta quinta-feira (24) no Vale do Açu. O Sistema de
Monitoramento Hidrometeorológico, Climático e Agrometeorológico do Rio Grande
do Norte foi lançado em dezembro de 2021, com investimentos de R$ 5,9 milhões
via Projeto Governo Cidadão.
O secretário estadual da Agricultura, Guilherme Saldanha,
está otimista.
“A expectativa é que este ano o inverno seja suficiente
para que tenhamos lavoura, produção agrícola, pasto para os animais e dê um
conforto para os reservatórios. Em 2021, a situação do Agreste e Litoral foi
muito ruim, foram as regiões mais afetadas pela seca. Com a previsão de chuvas
dentro da normalidade e até acima do normal para 2022 esperamos que haja um
impacto favorável em todas as regiões do estado”.
Chuvas
O novo sistema de monitoramento da Emparn registrou em
janeiro chuvas 160% acima da média esperada para o mês. Foi o janeiro mais
chuvoso dos últimos 18 anos no Rio Grande do Norte e também o melhor em termos
de distribuição geográfica. Dos 10 municípios com maior volume de chuvas
acumulado entre 1º de janeiro e 23 de fevereiro/2022, oito são de microrregiões
diferentes.
Em relação a anos anteriores, a situação das reservas
hídricas é relativamente confortável. Os três maiores reservatórios do Estado -
Armando Ribeiro Gonçalves, Santa Cruz e Umari - acumulam atualmente 1,47 bilhão
de metros cúbicos de água, ou 45% da capacidade total. Em fase final de
construção, a Barragem Oiticica encheu nas primeiras chuvas do ano. Está com 15
milhões de m³, que é a capacidade provisória (a total é de 590 milhões),
jorrando a água que chega da transposição para a Barragem Armando Ribeiro. A
Lagoa do Bonfim, de onde é captada água para alimentar o sistema adutor
Monsenhor Expedito, está com 44,6% da capacidade.
De acordo com levantamento da Caern, apenas dois dos 167
municípios potiguares estão com o abastecimento, via água encanada, em colapso
parcial. São eles: Paraná, na microrregião de Pau dos Ferros, e Serra do Mel,
na microrregião de Mossoró.
Também participaram da apresentação do prognóstico do
inverno de 2022, o vice-governador Antenor Roberto, secretários estaduais -
João Maria Cavalcanti (Semarh), Marcelo Júnior (adjunto da SAPE) -; presidente
da Emparn, Rodrigo Maranhão; diretor-presidente da Instituto de Gestão de
Águas, Auricélio Costa; coordenador da Defesa Civil, coronel Carvalho. E mais:
Werner Farkatt, diretor técnico do Idema; Frank Souza, diretor administrativo
da Emater; Alexandre Chaves, representante da Anorc.
INFO
Situação do Inverno no RN
2012 seco
2013 seco
2014 seco
2015 seco
2016 seco
2017 seco
2018 normal
2019 normal
2020 chuvoso
2021 seco
Chuvas esperadas
Março a maio no RN
Oeste: 479,2
Central: 376,9
Agreste: 343,2
Leste: 533,8
Média estadual: 433,2
Onde mais choveu
Período: 01/01 a 23/02/22
Em milímetros
Campo Grande (Médio Oeste): 386,7
Martins (Umarizal): 368,1
Ipanguaçu (Vale do Açu): 353,8
Guamaré (Macau): 345,2
Janduís (Médio Oeste):334,6
Timbaúba dos Batistas (Seridó Ocidental): 330,8
São Fernando (Seridó Oriental): 327,9
José da Penha (Pau dos Ferros): 306,8
Alexandria (Pau dos Ferros): 306,6
Bento Fernandes (Baixa Verde): 300,2
Fonte: Emparn
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