Ipanguaçu - Reprodução
A Justiça estipulou um prazo de 60 dias para que a
empresa Cerâmica Santa Edwirge elabore e apresente ao Instituto de
Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), um plano técnico de
plantio de mudas necessárias à compensação do dano ambiental causado no Bioma
Caatinga, na região central do Estado. A sentença é do juiz João Henrique
Bressan de Souza, da comarca de Ipanguaçu.
Ele determinou também que, após aprovação do plano, a
empresa cumpra as normas legais regulamentares, bem como as exigências e prazos
legais fixados pelo órgão ambiental e/ou constantes no plano técnico das mudas,
sob pena multa diária no valor de mil reais, limitada a R$ 100 mil, a ser
suportada pela empresa e destinada ao Fundo Estadual de Preservação do Meio
Ambiente do Rio Grande do Norte (Lei Estadual n.º 6.678).
O caso
O Ministério Público Estadual moveu Ação Civil Pública
para Tutela do Meio Ambiente contra a empresa G & L Indústria e Comércio
Ltda (Cerâmica Santa Edwirge), objetivando a sua condenação para elaborar e
apresentar ao Idema plano técnico de plantio de mudas necessárias à compensação
do dano ambiental causado em decorrência do depósito de 08st de lenha nativa
(Bioma Caatinga) sem as devidas licenças ambientais, sob pena de aplicação de multa
no valor de R$ 10 mil. O MP alegou que empresa foi autuada no dia 2 de setembro
de 2009, em razão de manter em depósito lenha nativa sem a autorização
(Documento de Origem Florestal), conforme foi demonstrado no Auto de Infração
juntado aos autos. Informou, ainda, que expediu notificação ao infrator
ambiental para comparecer à audiência extrajudicial para firmar Termo de
Ajustamento de Conduta (TAC), com vista a realizar à recuperação dos danos
ambientais. Entretanto, os representantes da empresa não compareceram, nem
apresentaram justificativa para tal. Assim, requereu a condenação da empresa para
fazer a compensação ambiental.
Decisão
Ao julgar o caso, o magistrado João Henrique Bressan
rejeitou a alegação de prescrição feita pela empresa, seguindo disciplina do
artigo 225, caput, da Constituição Federal, bem como o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça, que considera que o dano ambiental inclui-se entre os bens
indisponíveis e, como tal, encontra-se acobertado pelo manto da
imprescritibilidade. O juiz também teve por base de seu entendimento a Lei
6.938/81, da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), a qual prevê que, em
matéria de meio ambiente natural, a responsabilidade civil segue a teoria do
risco da atividade. Assim, esclareceu que as atividades que geram riscos
ambientais devem operar de acordo com a legislação vigente, atendendo às
exigências técnicas ambientais exigidas pelos órgãos competentes, através do
licenciamento ambiental.
“Vale salientar que
um dos pilares do Direito Ambiental é o princípio da precaução, que visa evitar
a ocorrência de prejuízo ao meio ambiente”, pontuou.
Para o magistrado, a atividade desempenhada pela empresa
é potencialmente poluidora, haja vista que operou mantendo em depósito lenha
nativa, sem as devidas licenças ambientais, sendo, inclusive, autuada pelo
órgão ambiental competente, conforme demonstrou o Auto de Infração e Termo de
Inspeção que foi juntado aos autos do processo.
“Portanto, o exame
dos autos autoriza a conclusão da irregularidade de posse de material lenhoso
(lenha nativa) pela requerida, na medida em que não possui as devidas licenças
ambientais, resultando na procedência do pedido formulado pela parte autora”,
decidiu o juiz João Bressan.
(Processo nº 0100510-63.2015.8.20.0163)
Fonte: TJRN
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