O Ministério Público Federal (MPF) apresentou um pedido
urgente, à Justiça Federal, para que bloqueie das contas do Departamento
Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) a quantia necessária para garantir o
abastecimento d'água nos municípios de Currais Novos e Acari, localizados na
região Seridó do Rio Grande do Norte. O único reservatório de Currais Novos, o
açude Dourados, entrou em colapso e a adutora emergencial sob responsabilidade
do Dnocs, e que deveria estar funcionando plenamente desde fevereiro, ainda
apresenta problemas e não vem garantindo o abastecimento nesses locais. O valor
a ser bloqueado será utilizado para inclusão dos dois municípios na Operação
Vertente 2 (que faz uso de caminhões-pipa e é coordenada pelo Gabinete Civil do
Governo Estado). As informações sobre a situação do açude Dourados foram
repassados à procuradora da República Maria Clara Lucena, que vem acompanhando
o caso, em reuniões realizadas nessa quarta-feira (27) com a diretora regional
da Companhia de Águas (Caern), Rosy Gurgel, e com o prefeito de Currais, Odon
Oliveira de Souza Junior. Eles acrescentaram o fato de que a adutora
emergencial de responsabilidade do Dnocs apresenta vários vazamentos. Devido a
esses problemas estruturais, as águas da adutora não estariam chegando a
Currais Novos e vêm abastecendo “de
maneira muito irregular” Acari, cujo principal reservatório - o açude
Gargalheiras – também já entrou em colapso. O prefeito desta cidade, Isaías de
Medeiros Cabral, explicou que desde agosto o município depende exclusivamente
da adutora e, embora a previsão fosse de chegar água dois dias por semana, a
regularidade não tem sido essa. O motivo, de acordo com a Caern, também seriam os
problemas no sistema adutor. Já as informações da Prefeitura de Currais Novos
dão conta de que o município foi abastecido pela adutora uma única vez e, ainda
assim, com água imprópria para consumo humano, “por conter muita ferrugem, possivelmente decorrente da má
conservação/qualidade da tubulação empregada”. Desabastecimento - A
representante do MPF lembra que, se antes o abastecimento hídrico de Currais
Novos e Acari era caótico, agora tornou-se inexistente. “É indiscutível a relação de causa e efeito entre a não entrega
definitiva da adutora pelo Dnocs e esse cenário de total desabastecimento”,
ressalta Maria Clara Lucena. Para a procuradora da República, “está-se diante
de uma situação limite, em que cada dia de atraso na entrega do empreendimento
- aqui se reporta a um empreendimento de fato operacional, que não exija a
corriqueira interrupção no abastecimento por causa de vazamentos - acarreta
transtornos incalculáveis na vida de milhares de famílias que, sem água,
veem-se privadas do mínimo existencial, malferindo a dignidade da pessoa
humana”. As informações obtidas indicam que os reparos necessários na adutora
emergencial ainda podem demorar, exigindo a substituição de tubulações e
deixando a população local sem opção. Diante disso, o MPF requereu o bloqueio
dos recursos, já que a aplicação de multas não tem surtido efeito. A obra da
adutora emergencial estava sob responsabilidade do Governo do Estado e foi
repassada, pelo Ministério da Integração Nacional, para a alçada do Dnocs, em
2016. A ação do MPF que trata do assunto tramita na Justiça Federal sob o nº
0800300-68.2017.4.05.8402.
Fonte: MPF/RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário