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A consultora de e-commerce Patrícia Maciel queria comprar
dois medicamentos de uso contínuo até este último domingo para evitar o
reajuste do setor, que está em vigor. Ao todo, Patrícia vai adquirir nove
caixas de remédios — três de anticoncepcional e seis para tratamento de acne. Patrícia
tem como objetivo evitar o reajuste anual dos preços dos medicamentos, que
chegou a 4,33% e ficou acima da inflação de 2018 — os preços em geral subiram
3,75% no ano passado. O aumento foi aprovado pela Câmara de Regulação do
Mercado de Medicamentos (Cmed). Isso significa que um remédio vendido a R$ 50
pode custar R$ 52,16 ao longo do ano. O Sindicato da Indústria de Produtos
Farmacêuticos (Sindusfarma) afirma que, no acumulado de 2001 a 2018, a inflação
geral somou 203,01% e o reajuste ficou em 169,38%. O sindicato garante, no
entanto, que os preços não são aumentados automaticamente por drogarias e
farmácias. Segundo o presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini, a
carga tributária sobre os remédios é o que mais impacta o bolso dos
brasileiros.
“A queda dos
impostos dos medicamentos fará com que famílias e governo gastem muito menos
para cuidar da saúde, com efeitos benéficos para toda a sociedade brasileira em
produtividade, bem-estar e geração de riqueza”, afirma.
O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz afirma
que as famílias com idosos são as mais impactas pelo aumento do custo dos
remédios, já que são pessoas que costumam precisar de medicamentos específicos
de uso contínuo. Hoje, o reajuste das aposentadorias é determinado de acordo
com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice que mede a inflação
oficial do país. Portanto, o aumento dos medicamentos acima do indicador da
inflação indica que haverá aumento no custo de vida destes brasileiros.
“Se as
aposentadorias são orientadas pelo IPCA, vai haver um aumento real. Isso mostra
que as famílias vão precisar diminuir algumas coisas superficiais para comprar
os remédios”, afirma Braz.
As casas com pessoas mais jovens não sentem tanto o
impacto do reajuste, já que este público tende a consumir menos remédios. Para
Mussolini, não há como definir qual grupo social é o mais afetado pelo reajuste
dos medicamentos. Para ele, os aumentos não chegam à sociedade de maneira tão
imediata e comenta sobre os descontos que as farmácias costumam dar aos
clientes, seja pelo cadastro no estabelecimento ou pelos planos de saúde.
“Outra questão
importante que se pode levantar é que as pessoas com mais idade são aquelas que
mais consomem medicamentos e eventualmente poderiam sofrer um impacto maior,
mas nós não acreditamos nisso”, afirma.
Mussolini orienta que o consumidor pesquise preços, já
que existem medicamentos com o mesmo princípio ativo e para a mesma classe
terapêutica de vários fabricantes e em diferentes pontos de venda.
“Dependendo da
reposição de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos,
aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer”, afirma Mussolini.
Braz afirma que a concorrência faz com que os produtos
sejam encontrados por diversos preços.
“[Há
concorrência] entre marcas e pontos de venda. Existem grandes grupos que
comprar lotes enormes de produtos, o que permite descontos que são repassados
ao consumidor”, diz Braz.
Fonte: R7
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