A “facada” prometida pelo futuro ministro da Economia,
Paulo Guedes, nos recursos do Sistema S teria efeitos “devastadores” sobre
programas de educação técnica e serviços de saúde prestados à população. No RN,
o impacto pode comprometer até 30% dos recursos do SENAI e acabar com quase 23
mil vagas de cursos técnicos profissionais por ano. Além disso, o corte
orçamentário no Sistema S deve promover o possível fechamento de duas escolas
da instituição de formação profissional dos potiguares. No SESI, mais de seis
mil estudantes do ensino básico e de educação de jovens e adultos podem perder
a oportunidade de estudar por que duas escolas da educação básica da instituição
podem ser fechadas no estado. O desemprego também deve aumentar no Rio Grande
do Norte por que os cortes orçamentários no Sistema S, prometidos pelo próximo
governo, vão influenciar diretamente na demissão de mais de 300 funcionários do
SENAI e SESI potiguares. Na prática, o impacto será sentido por todos. No caso
de jovens e trabalhadores, os cortes afetariam a principal rede de preparo e
qualificação para o mercado de trabalho, com reflexos na capacidade da
população de acompanhar a evolução tecnológica das empresas e até de conseguir
o primeiro emprego.
“A formação
profissional e a capacitação técnica de qualidade aumentam a empregabilidade do
trabalhador e, para o jovem, é um importante diferencial para conquistar o
primeiro emprego, numa faixa etária em que o desemprego é ainda mais grave que
na média. O SENAI prepara uma parcela importante da população para que tenha
uma profissão, e alcança e beneficia jovens e trabalhadores que não teriam as
mesmas oportunidades pelo sistema educacional”, lembra Rafael Lucchesi.
A redução de investimentos afetaria, sobretudo, a região
Nordeste do país, principalmente jovens e trabalhadores de baixa renda. No caso
do SESI e do SENAI, mais de 230 mil estudantes ficariam sem opção de cursos de
formação profissional com o possível fechamento de 54 escolas e demissões de
cerca de 3,3 mil trabalhadores das instituições na região Nordeste. O próximo
governo não divulgou plano para substituir os serviços das entidades para a
população, como alternativa aos prováveis cortes orçamentários do Sistema S.
“A proposta de
cortes no Sistema S teria efeitos devastadores sobre instituições que funcionam
e prestam serviços essenciais para jovens e trabalhadores brasileiros. Além de
acabar com empregos de educadores, técnicos, especialistas e pesquisadores, se
forem feitos, os cortes prejudicarão a educação, pesarão sobre a saúde e
afetarão a economia do país como um todo”, explica o diretor-geral do SENAI
e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi.
Com 2,3 milhões jovens matriculados, o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (SENAI) é a principal responsável pela formação
técnica e profissional de jovens e trabalhadores brasileiros para vários
setores da indústria. Os cursos, dos quais 70% são gratuitos, são oferecidas em
541 escolas em todos os estados e no Distrito Federal. Segundo cálculos do
SENAI, 162 delas fechariam as portas com os eventuais cortes. Responsável pelos
programas de saúde e segurança do trabalhador na indústria, o Serviço Social da
Indústria (SESI) também tem uma rede de escolas de que beneficia 1,2 milhão de
jovens com educação básica, principalmente de famílias de trabalhadores da
indústria. Além disso, oferece cursos de reforço educacional para adultos com
baixa escolaridade, serviço essencial uma vez que muitos dos trabalhadores da
indústria não têm a educação básica completa ou capacitação profissional. O
SESI calcula que os cortes levariam ao fechamento de 155 escolas, com perda de
quase meio milhão de vagas para jovens no ensino básico e no reforço
educacional de adultos com baixa escolaridade. Na prestação de serviços de
saúde a trabalhadores, que inclui desde a oferta gratuita de vacinas e exames
de mamografia para trabalhadoras, a previsão é de que 1,2 milhão de pessoas
ficariam sem o atendimento, tendo de buscar os serviços na rede pública ou
custeá-los na rede particular.
“São milhões de
exames médicos, consultas, vacinas aplicadas, além de atendimento médico e
acompanhamento nutricional oferecidos pelo SESI para os trabalhadores da
indústria. Na prática, esse é um trabalho essencial, que tira uma milhares de pessoas
da fila assistencial e contribui para reduzir a pressão sobre os serviços da
rede pública, que não tem dado conta de atender a população de forma
satisfatória”, ressalta o diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente
do SESI.
Os serviços prestados pelo SESI e pelo SENAI contam com
altas taxas de aprovação entre a população que conhece o seu trabalho. Segundo
pesquisa do Ibope, divulgada em dezembro, a excelência na atuação do SENAI é
reconhecida por 94% dos entrevistados e a do SESI, por 93% das pessoas ouvidas.
Fonte: Agencia do Rádio
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