Número de curados do novo coronavírus ultrapassou os 127 mil nesta sexta-feira (27)
Créditos: José Carlos Daves/Estadão Conteúdo
No momento em que o número de mortos e infectados pelo
novo coronavírus aumenta e países como Itália e Espanha avançam na contagem de
seus mortos, cresce também outra estatística menos divulgada e bem mais
alentadora: a dos curados. Em todo o mundo, pouco mais de 127 mil pessoas já se
recuperaram da doença, segundo estudo da Universidade John Hopkins, dos Estados
Unidos. O resultado do trabalho corrobora informações da Organização Mundial de
Saúde (OMS) de que 80% das pessoas contaminadas se recuperam apenas no
tratamento, sem precisar de internação e uso do respirador (entre 5% e 6%). Os
curados são homens e mulheres, jovens, adultos e idosos, que apresentaram
sintomas variados, desde tosse e falta de ar até perda de olfato. Depois de um
período de isolamento total, sem sair de casa – incluindo os mais novos -, eles
relatam o prazer de voltar a executar atividades do dia a dia, como estar com
os amigos e com a própria família. Alguns são enfáticos: para eles, o isolamento
social continua sendo necessário mesmo depois da cura, para evitar que a
pandemia avance assustadoramente como em outros países.
“O pior sintoma é o
medo”, afirma a advogada e conselheira federal da OAB Daniela Teixeira, de
48 anos, que contraiu a Covid-19 na Conferência Nacional da Mulher Advogada,
realizada no Ceará, em 05 e 06 de março.
“Fui homenageada na
conferência, mas não vale o risco e o desespero que passei depois. Tinha de ter
ficado em casa”.
Ela reforça a recomendação da OMS para que as pessoas não
saiam de suas casas nesse momento.
Na terça-feira, Daniela recebeu o resultado de seu último
teste e não está mais doente. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal, onde
mora, recomendou por precaução isolamento total até 31 de março. Depois, vida
normal. Com o aumento da demanda pelos testes de coronavírus, muitos infectados
não chegam a fazer novo exame ao fim da quarentena. Segundo o Ministério da
Saúde, a orientação para os que testam positivo é de respeitarem o período de
14 dias de isolamento. Depois, se não tiverem mais sintomas, já podem seguir as
mesmas regras do restante da população. Foi o caso da paulista Laísa Nardi, de
22 anos. Em fevereiro, depois de ter voltado de uma viagem por Itália e
Espanha, ela começou a ter tosse, falta de ar e dor no corpo.
“Achei que a dor
fosse de carregar a mochila nas costas”, disse. Poucos dias depois de
procurar atendimento médico, Laísa recebeu o resultado positivo do teste para o
novo coronavírus. Ela ficou em isolamento com seu ex-namorado, com quem tinha
entrado em contato depois da viagem, ao realizar sua mudança da casa dele.
“Fiquei de
quarentena com o ex”, brincou.
“No dia em que a
minha quarentena acabou, andei 15 quilômetros no sol do meio-dia, sozinha, para
ter certeza de que eu não estava mais trancada no meu quarto”, conta.
Laísa já voltou a trabalhar.
O médico ortopedista Roberto Ranzini, de 54 anos, afirmou
que quer se voluntariar para trabalhar em algum hospital de campanha depois de
acabar sua quarentena. Ele atua no Hospital Israelita Albert Einstein, onde foi
diagnosticado o primeiro caso da doença no País, e disse acreditar que possa
ter contraído o vírus de algum paciente. Sem apresentar mais os sintomas
iniciais que, para ele, incluíram letargia e diminuição do olfato, Ranzini
continua seguindo o isolamento recomendado.
“Temos de ter
consciência da importância do isolamento, senão vai ter uma explosão de casos e
o nosso sistema de saúde não vai aguentar”.
Embora ainda não existam estudos sobre o que acontece com
pacientes depois que eles se curam, a esperança dele é a de que, no fim da
quarentena, quando pretende ir de novo para a linha de frente da luta contra a
doença, ele já esteja imunizado contra o vírus. De acordo com o infectologista
Paulo Olzon, uma vez que a pessoa esteja recuperada do coronavírus, não há nenhuma
restrição.
“É vida normal”.
Fonte: Jovem Pan
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