O Rio Grande do Norte possui 531 barragens espalhadas em
seu território. À luz da tragédia em Brumadinho, Minas Gerais, a preocupação é
de que um incidente semelhante possa acontecer no estado potiguar. Para evitar
tragédias, é necessário que as barragens estejam sendo periodicamente
monitoradas. O Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte é
o responsável por essa fiscalização. Contudo, o diretor presidente do órgão,
Caramuru Paiva, avaliou que hoje o Igarn não possui estrutura suficiente para
vistoriar todas as barragens.
“A estrutura não é
suficiente. Temos somente duas profissionais técnicas, que deram conta de fazer
o monitoramento de 60 barragens em 2018. Mas precisamos de mais pessoal. Vamos
apresentar à Agência Nacional de Águas (ANA) um plano de ação para ampliar a
quantidade de profissionais, ao menos de forma provisória. Além disso,
precisamos de uma consultoria para cinco ou dez barragens que requerem um olhar
mais atento. Para isso acontecer é necessário um aporte de investimento”,
aponta Caramuru em entrevista concedida ao programa Manhã Agora do jornalista
Tiago Rebolo, apresentado na rádio Agora FM (97,9 FM).
De todas as barragens, é a de Passagem de Traíras, em São
José do Seridó, que mais preocupa. Ela, entretanto, não é de responsabilidade
do Igarn. Como o rio que alimenta o Seridó começa na Paraíba, trata-se de uma
esfera federal, que é de jurisdição da ANA.
“No caso de
Passagem de Traíras, o empreendedor responsável direto é a Secretaria de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), mas diante desse quadro em Brumadinho,
vemos que não dá mais para protelar com esse problema. Felizmente, algumas
medidas já haviam sido tomadas. A ANA recomenda que na condição em que a
barragem está lá, só se permita chegar a 6% de capacidade. A comporta foi
aberta e hoje estamos com 0,8% da capacidade. De toda forma, como é um
reservatório importante para a economia do estado, ele precisa ser recuperado”,
avalia Caramuru.
Das 531 barragens potiguares, o Igarn monitorou 60 em
2018, totalizando, até o momento, 251 vistorias. Destes, 47 possuem capacidade
superior a 5 milhões de metros cúbicos. São estes que, segundo Caramuru Paiva,
são monitorados mais de perto.
“Ainda há um
quantitativo a ser monitorado, mas estes são os mais significativos”, diz.
Apesar da tensão provocada pela tragédia em Brumadinho, o
diretor do Igarn avalia que, caso as previsões para o próximo inverno se
mantenham, as estruturas das barragens devem continuar firmes.
“No conjunto da
obra, se não tivermos um inverno que supere as projeções ou que forneça água em
excesso, são estruturas que estão em um estado de conservação que dá para
tocar. Mas claro que é preciso mais investimento para ter mais pessoal e
refinar o trabalho”, finaliza.
Fonte: Agora RN
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